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Viver no Interior do País

Não é uma novidade para ninguém que nas grandes cidades os relógios andam demasiado rápido e o trânsito anda demasiado lento. E isso pode prejudicar o individuo como pessoa e a relação do mesmo com a sua família. Decidir viver no interior de Portugal é, assim, uma das melhores formas de fugir à agitação dos grandes...
30 abr 2023 min de leitura
Não é uma novidade para ninguém que nas grandes cidades os relógios andam demasiado rápido e o trânsito anda demasiado lento. E isso pode prejudicar o individuo como pessoa e a relação do mesmo com a sua família. 

Decidir viver no interior de Portugal é, assim, uma das melhores formas de fugir à agitação dos grandes centros urbanos e ganhar tempo, espaço e qualidade de vida. Além disso, viver no campo é bastante mais seguro e económico.   

A procura de uma vida mais equilibrada, mais saudável e mais feliz para toda a família tem feito com que cada vez mais famílias portuguesas encontrem a tranquilidade e migrem para o interior.   

Ao contrário do que aconteceu com os nossos pais e avós, em que a migração era em massa para as grandes cidades, porque só lá poderiam encontrar um “bom trabalho” e poderiam alcançar a vida que ambicionavam, a geração mais nova, entre dos 25 e os 40 anos, de hoje em dia, procuram o oposto. 

É uma geração mais consciente que privilegia a boa alimentação, o ar puro e o bem-estar tanto físico como psicológico de toda a família.   

Quando falamos em melhorar a qualidade de vida, não falamos só na paz e tranquilidade que podemos encontrar no interior do país, longe do ruido das grandes cidades e longe de todo o engarrafamento, transportes públicos lotados e muitas das vezes atrasados. Falamos também da economia, porque viver no interior também tem as suas vantagens: o custo das casas tanto para a compra como para o arrendamento ser em média 3 a 5 vezes mais barato do que os dos grandes centros urbanos.  

A alimentação é um tópico que também merece a nossa atenção: nas aldeias os produtos são muitas das vezes colhidos nas próprias hortas (logo mais saudáveis) e quando isso não acontece existe sempre um vizinho simpático que não se importa de partilhar as suas colheitas. O lado humano e social também é uma mais-valia para os habitantes das aldeias. Na cidade devido à falta de tempo e à grande concentração de pessoas, não é fácil conhecer todos os vizinhos mesmo para as pessoas mais sociáveis. Frequentemente conhece-se alguém que mora num prédio só não se sabe quem são os habitantes do mesmo. No interior, há um grande sentido de comunidade onde existe um grande espírito de entreajuda que perdura há gerações, relacionado com isso existe também uma maior segurança. Prova disso é o testemunho de Patrícia Guerra que saiu de Lisboa com 28 anos para regressar ao interior onde nasceu : 

 “ Nasci na zona de Trancoso. Aos 11 anos mudámo-nos para Lisboa. Fiz lá muitos amigos, cresci e estudei, no entanto, o desejo de voltar esteve sempre comigo. Em 2010, com 28 anos, por um convite profissional regressei à minha terra natal. As vantagens de aqui residir são que tenho mais tempo em família, os meus filhos estão em escolas perto e podemos ir a pé para o trabalho. Há mais convivência com a família alargada. Há segurança nas ruas, toda a gente se conhece, eles brincam mais ao ar livre. Em Lisboa perdia muito tempo no trânsito, agora esse tempo é aproveitado nas belas paisagens do Douro. Fazemos mais quilómetros para ir a algum lado, mas colocamo-nos lá em menor tempo. A nossa alimentação é mais saudável, vamos apanhar os legumes e fruta diretamente na horta. Temos feiras medievais, festas e costumes regionais. Sabemos onde ir se quisermos mais movimento mas na maioria dos dias é a tranquilidade que nos faz companhia.”   

  

A vontade de um crescente número de famílias em sair das movimentadas cidades do litoral do país acabou por ser um dos efeitos mais imprevisíveis da pandemia — e, sobretudo, da massificação do teletrabalho. Da sedutora qualidade de vida aos benefícios financeiros, são inúmeras as vantagens de viver no interior do país. 

Um exemplo dessas famílias é o caso da Lídia e do David e das duas filhas (uma de 13 e outra de 7 anos) que depois da pandemia decidiram aventurar-se por uma vida mais pacata.  

“Vim morar para o interior há 4 meses com as minhas filhas e o meu marido. Viemos à procura de uma melhor qualidade de vida, uma vida sem correrias, com menos stress e com mais tempo em família e para hobbies.  

O meu marido estar em teletrabalho é uma grande vantagem pois a nível de oportunidades de emprego é mais complicado aqui, há menos empresas, mas por outro lado o "passa palavra" é mais rápido e as pessoas prontificam-se logo a ajudar e há menos pessoas "formadas" logo conseguem-se criar mais oportunidades por haver menos concorrência.  Há inclusive o programa Interior MAIS em que o IEFP fornece para ser mais fácil a procura de emprego. 

 As minhas filhas, principal a mais nova estranharam a escola com tão poucas crianças mas agora gostam do ambiente familiar, não conhece só os amigos como os seus pais, avós e tios. Têm novas atividades como cantar as janeiras, academia de música, tocar o sino ou ver o cepo no Natal onde acaba por encontrar sempre os seus amigos da escola 

A adolescente gosta de se sentir mais autónoma, apanhar o autocarro de manhã, ficar com os amigos mais tempo para apanhar o único autocarro que há ao final da tarde e sente-se mais livre e em sintonia com a natureza, sinto-a mais calma! 

Sentimos saudades de comer sushi, da praia, do Lidl, dos centros comerciais e do padel mas compensa a outros níveis! 

Para o país também há uma grande mais-valia neste tipo de migrações. A população fica mais distribuída e o interior torna-se mais cuidado e mais desenvolvido. Como forma de incentivo, as famílias recebem do estado português um apoio financeiro desde que cumpram os requisitos e que se candidatem a este tipo de programas. Existem vários tipos de apoios que as famílias podem requerer: trata-se de um apoio financeiro tanto para trabalhadores que celebrem contratos de trabalho por conta de outrem como para os que querem criar o seu próprio negócio. 

Para que possa ter noção, o apoio financeiro pode chegar até aos 4.800 euros dependendo da zona para onde for morar e dos seus requisitos. Também no IRC as famílias sentem essa mudança, a dedução de arrendamentos de imóveis aumenta para os 1.000euros, assim como a dedução de despensas de educação. Este tipo de apoios até ao fim de 2023 abrangem também para os emigrantes estrangeiros que queiram construir as suas vidas longe das grandes cidades.    

Portugal é um país com um interior incrível, com um clima e uma natureza fora de série mas nem tudo são vantagens, apesar dos incentivos e do custo de vida ser mais baixo, os salários no interior também são menores do que nas grandes cidades e os empregos em menor quantidade. Devido ao menor número de crianças também as escolas são em menor número e por vezes mais longe das residências. 

Para os amantes da cultura e espetáculos viver no interior também não é vantajoso porque nas cidades há uma maior oferta e diversidade.    

Na realidade é tudo uma questão de gostos, preferências e personalidades. É colocar os prós e contras na balança e ver se no seu caso o que pesa mais e o que faz mais sentido para toda a família. 

Se há certeza que tenho ano após ano é que vamos assistir a uma maior distribuição de toda a população portuguesa minimizando assim as concentrações nas grandes cidades. 

Autora: Cláudia Ferreira 

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