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O Azulejo

Quem conhece e visita o nosso país não fica indiferente aos azulejos nacionais. Eles decoram edifícios, estão presentes em igrejas e monumentos, no chão e em peças decorativas. Afinal, como o azulejo entrou na cultura portuguesa?
13 ago 2023 min de leitura

Quem conhece e visita o nosso país não fica indiferente aos azulejos nacionais. Eles decoram edifícios, estão presentes em igrejas e monumentos, no chão e em peças decorativas. Afinal, como o azulejo entrou na cultura portuguesa?

O nome vem do árabe e já conta com 500 anos de produção nacional e é caso único como elemento decorativo.

A arte da azulejaria criou raízes na Península Ibérica por influência dos árabes, que trouxeram os desconhecidos mosaicos para decorar as paredes dos seus palácios, dessa forma os palácios ganhavam um brilho fora do comum. Adaptaram os moisaicos à nossa realidade e cultura e aí nasceram os tão conhecidos azulejos nacionais.

Foi numa viagem a Granada que o rei D. Manuel se apaixonou pelo azulejo e trouxe-o para Portugal. Os primeiros azulejos decoraram o Palácio Nacional de Sintra, que foi a residência do rei.

Em 1560, passados 70 anos, começaram a surgir em Lisboa oficinas de olaria que produziam azulejos segunda a técnica importada de Itália. Foi na cerâmica italiana que os portugueses se inspiraram para a pintura dos seus azulejos.

Sabe porque a maior parte dos azulejos são azuis?

Quando começaram as trocas comerciais com o Oriente, os europeus ficaram fascinados com a elegância da porcelana chinesa. Os ingredientes para a produção desta porcelana ainda não existiam na Europa, por isso era muito difícil fabricá-las tornando-as um objeto de grande riqueza. No século XVII, numa tentativa de imitar esta técnica, os holandeses começaram a fabricar azulejos nos mesmos tons, azul e branco. Estes azulejos agradaram tanto os portugueses que encomendaram inúmeros painéis para decorar as fachadas portuguesas.

Os azulejos passaram a ser um símbolo de ostentação. Desse modo, a nova indústria do azulejo floresceu com as encomendas da nobreza e do clero. Grandes painéis são fabricados para adornar paredes de edifícios, igrejas, palácios, conventos entre outros. As inspirações para a criação dos mesmos vieram das artes decorativas, das viagens e das conquistas dos portugueses. As temáticas mais escolhidas para a decoração dos edifícios eram campanhas militares, episódios históricos, cenas do quotidiano, religiosas, entre outras. Cabia assim aos oleiros satisfazer os pedidos, copiando os modelos adaptando as realidades de quem os compravam. No final do Século XVII, a

execução desta arte já era mais rápida, já havia famílias inteiras envolvidas e aí surgiram os primeiros pintores a afirmarem-se como artistas, passando a assinar as suas obras.

Depois do terramoto de 1755 com a reconstrução de Lisboa aumentou o ritmo da produção de azulejos padrão, hoje designados “Pombalinos” usados na decoração de novos edifícios, outrora destruídos. Os azulejos são fabricados em série combinando a técnicas industriais e artesanais.

No século XIX, os azulejos deixam de ser uso exclusivo da nobreza e do clero e passam para as fachadas dos edifícios mais banais. A paisagem urbana ilumina-se coma luz refletida nas superfícies vidradas. Já no século XX, os azulejos são utilizados para decorar estações de caminhos de ferro e do metro. Mais tarde, entram na casa dos portugueses e começam a ser utilizados nas casas de banho, cozinhas, como peça decorativa como a conhecemos nos dias de hoje.

Curiosidades:

• Atualmente, os azulejos são conhecidos meramente como motivos estéticos, mas nem sempre foi assim. Quando surgiram, eram utilizados para prevenir as casas da humidade, por terem uma superfície vidrada impermeável. Dessa forma eram muito utilizados em zonas molhadas, pelo seu baixo custo e durabilidade.

• Portugal é a Capital Mundial do Azulejo, embora seja utilizado noutros países. Os azulejos são utilizados, em terras lusitanas, há mais de 500 anos, sem interrupções. Sobreviveu ao tempo e há modernidade, mantendo-se como um importante meio de expressão artística.

• A Fábrica de azulejos mais antiga de Portugal ainda funciona, chama-se Sant’Anna e resistiu ao terremoto de Lisboa. Existe na capital desde 1741 e hoje dedica 90% da sua produção para o estrangeiro.

• Os azulejos são a forma mais antiga de “Banda-desenhada” no nosso país. O clero utilizava-os para recrear momentos bíblicos já que os livros não eram acessíveis a toda a população.

Autora: Cláudia Ferreira

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