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Lisboa e o Tejo

Localizada na margem norte do estuário do Tejo, Lisboa desenvolveu-se na dependência direta do rio e do mar, que constituíram sempre as principais vias de comunicação. Foi o rio que possibilitou o aparecimento, no alto da colina do castelo, do primeiro povoado disperso e atraiu povos como os Fenícios, Gregos e...
11 mar 2022 min de leitura
Localizada na margem norte do estuário do Tejo, Lisboa desenvolveu-se na dependência direta do rio e do mar, que constituíram sempre as principais vias de comunicação. Foi o rio que possibilitou o aparecimento, no alto da colina do castelo, do primeiro povoado disperso e atraiu povos como os Fenícios, Gregos e Cartagineses, que aqui aportaram para realizar trocas comerciais. Seguiram-se outros povos entre os quais os romanos e mais tarde os Visigodos até à chegada dos Mouros no século VIII.

Durante a ocupação romana, a cidade de “Felicitas Julia Olisipo” (Lisboa) transforma-se num importante “Municipium” Romano, no século I d.C. com Julius Caeser, devido ao seu porto, ao garum, vinho e cavalos. Saliente-se ainda que era ponto de cruzamento de 4 vias romanas, 3 para Mérida (na atual Espanha, sendo esta capital da província Lusitânia) e 1 para Bracara (atual cidade de Braga). A este povo deve-se a construção de uma fábrica de salga de peixe, sendo este apanhado nas águas de Lisboa e Tróia e posteriormente salgado com o Sal de Setúbal e enviado para o resto do Império em esplendorosas ânforas. O sal é hoje um dos recursos naturais do país, e o seu principal produto de exportação desde a Idade Média, existindo em grande quantidade na foz dos principais rios portugueses.

Nessa época, o Tejo tinha dois importantes afluentes: um desaguava na Avenida Almirante Reis e o outro em direção à Avenida da Liberdade, assoreado e transformado num pequeno ribeiro, hoje inexistente.

A cidade romana de Lisboa, tinha um fórum, templos, spas, villas, teatros, circus e criptopórticos, sendo que estes últimos constituíam verdadeiras cidades debaixo de terra, em outras palavras, consistia numa galeria subterrânea, isto é, uma estrutura no subsolo que era usada para nivelar o terreno e assentar as edificações, eliminando o declive do local onde o fórum iria ser construído. Em suma, era como se de um monumento se tratasse, com cerca de 5 metros de altura e 10 metros de largura e de extensão variável.

À semelhança dos anteriores povos, do mesmo modo os mouros por aqui se estabeleceram no decurso de 4 séculos, denominaram a cidade de “Lixabona” ou “Al-Uxbûna”. Decorrente da sua permanência, fomentaram o traçado urbano do bairro de Al-hama, desenvolvendo pequenas e sinuosas ruas, estreitas ruelas e pátios familiares situados sobre a colina. Lixabona prosperou devido ao seu ouro, prata, terras férteis, águas termais em Alfama, ar puro e abundância de peixe. A cidade moura tinha muralhas e várias portas, tendo a porta principal sumptuosas colunas em mármore. Foi nesta área que a população moura mais abastada erigiu as suas casas nobres.

A transformação de Lisboa como centro do mundo, remonta à Idade do Ouro dos descobrimentos portugueses nos séculos XV e XVI, devido aos bens e riqueza trazidos para a Europa, provenientes das colónias portuguesas sediadas em África, Índia e Brasil, tais como especiarias, tecidos, pedras preciosas, escravos, entre outros.

Nesta altura, D. Manuel I transferiu o Palácio Real do Castelo de São Jorge, para um novo palácio construído então junto ao rio Tejo, denominado por “Palácio da Ribeira”, de onde o rei podia ver a chegada das caravelas ricamente carregadas de todo o género de produtos, ao porto de Lisboa, no “Cais das Colunas”.

Nesta altura, muitos foram os estrangeiros que começaram a viver em Lisboa, não apenas Europeus, mas também escravos e homens livres que serviam famílias nobres. 

Foi seguramente durante este período, que Lisboa se modificou radicalmente, passando o rio a ser o elemento aglutinador da organização espacial da cidade, cujos limites ribeirinhos ultrapassam o perímetro urbano.

Embora nos séculos seguintes, sec.  XVII e XVIII, Lisboa tenha continuado voltada para o tejo, o rio deixa de ser o centro da vida citadina. Com o crescimento no século XIX das grandes avenidas, a urbe vira definitivamente as costas ao rio. 

O Tejo nasce em Espanha, na Serra de Albarracin, banha Toledo em Espanha e Abrantes e Santarém já em território nacional, percorrendo uma distância de 1007 km, dos quais 256 km em espaço português. Desagua em Lisboa, mantendo ao longo dos séculos uma ligação muito forte entre ambas, contribuindo para a evolução da sociedade lisboeta, seja num sentido urbanístico-espacial, seja num sentido social histórico e cultural.

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