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Carnaval em Portugal (Parte III)

Ainda que Lisboa não tenha uma tradição carnavalesca muito vincada, há cidades dos arredores da capital que vivem o ano todo a pensar no Carnaval. Já lá vai o tempo em que Lisboa tinha um dos grandes desfiles de Carnaval do país, com vários carros alegóricos a descer a Avenida da Liberdade o que neste momento não...
20 fev 2023 min de leitura
Ainda que Lisboa não tenha uma tradição carnavalesca muito vincada, há cidades dos arredores da capital que vivem o ano todo a pensar no Carnaval. Já lá vai o tempo em que Lisboa tinha um dos grandes desfiles de Carnaval do país, com vários carros alegóricos a descer a Avenida da Liberdade o que neste momento não acontece. A cidade de Lisboa guarda-se para o Santo António e deixa os festejos de Carnaval para outras cidades. Mas ainda que a capital não explore a época carnavalesca com muitos eventos, a verdade é que também não lhe passa ao lado e em alguns pontos da cidade podemos encontrar alguns bailes ou grupos de pessoas a festejarem o Carnaval. 

Bem pertinho de Lisboa, sensivelmente a 15 km da capital encontramos a cidade de Loures e aí sim, passa-se o ano todo a pensar no Carnaval. O Carnaval de Loures é um dos maiores da região de Lisboa. Nesta cidade o Carnaval teve origem nos primeiros anos do século XX contudo, anos mais tarde, este Carnaval foi proibido dada a enorme popularidade que tinha alcançado.  

Só na década de 70 é que se voltou a realizar o Carnaval em Loures e desde aí nunca mais parou. Neste momento é considerado o maior evento do Concelho e conta com 1800 figurantes. Os festejos atraem à cidade dezenas de milhares de pessoas todos os anos.   

O Carnaval Saloio, como é conhecido o Carnaval de Loures, conta com o famoso baile trapalhão e com o enterro do rei. Não falta muita diversão, música e como não podia deixar de ser, muita sátira.

Descendo para o Alentejo encontramos em Évora mais uma tradição popular. Esta remota aos tempos de Gil Vicente e com ele nasceram os “Brincas” de Évora, uma antiga tradição performativa de teatro comunitários. Os “Brinca” são um grupo de homens que se juntavam para fazerem uma dramatização popular durante a época carnavalesca através de textos em rimas acompanhados com coreografias e música que permaneceu até aos dias de hoje.  

Já em Sines o Carnaval é bem diferente, aqui, existe uma mistura do espírito satírico e a criatividade dos portugueses com o brilho e a energia do Carnaval do Brasil para assim criarem um espetáculo vibrante em que toda a cidade envolve. Quase a completar 100 anos de história este Carnaval também não deixa ninguém ficar indiferente. O mesmo se passa mais a sul do país, no Algarve onde encontramos várias cidades onde o Carnaval é festejado com todo o afinco.   

Para começar falamos de Moncarapacho, que se intitula como o Carnaval mais antigo do Algarve e que comemora este ano 124 anos. Aqui os carros alegóricos começam a ser preparados em Janeiro e são decorados com flores de papel feitas com a colaboração de toda a população local. Esta particularidade confere ao Carnaval de Moncarapacho o cognome de “Batalha das Flores” que, em tempos antigos, distinguia os carros com a decoração mais vistosa.  

Agora, algarvio que é algarvio gosta de um bom bailarico e no Carnaval não é exceção. 

O Carnaval de Loulé é uma mistura de muitas cores, grandes vestes e uma multidão nas ruas a participar no desfile. Este Carnaval é marcado pela grande atracão turística, uma vez que no Algarve o tempo é mais ameno e atrai muitos turistas para festejarem o Carnaval junto com a população. Mas em Loulé os festejos de Carnaval nem sempre foram pacíficos, outrora até foram bem agressivos. Eram lançadas laranjas contra os transeuntes, ovos podres, milho, feijão, entre outros arremessos. Mas a partir de 1906 este Carnaval deu lugar ao “Carnaval Civilizado” passando a ser mais parecido com o que conhecemos nos dias de hoje.   

Voando um pouco para os nossos arquipélagos, as festas de Carnaval da Madeira também atraem diversos turistas tornando-se um dos grandes pontos altos do ano. Segundo alguns historiadores as origens do Carnaval Madeirense remontam ao período da produção de açúcar e com a sua ligação com os escravos enquanto porto de passagem de bens e de pessoas. Quando se iniciou a expansão do comércio internacional açucareiro no Atlântico a partir da ilha da Madeira, com ele viajaram também as tradições lúdicas que assim influenciaram as tradições carnavalescas no Brasil e anos mais tarde, com a emigração do Brasil para o arquipélago da Madeira, o Carnaval Brasileiro veio influenciar o Carnaval madeirense, como bem o conhecemos nos dias de hoje. Mais no interior da Madeira encontramos a “Festa dos compadres”, uma tradição com mais de 50 anos e que marca o início dos festejos do Carnaval. Nesta festa estão bem patentes a ironia e o sarcasmo e muita crítica social. A tradição conta que os “compadres” e as “comadres” juntavam-se para ver quem eram os mais originais. Existia mesmo uma guerra dos sexos onde aproveitavam para expor os “podres” dos próprios vizinhos em que ganhavam os mais originais e os que tinham mais piada - esta tradição mantêm-se até aos dias de hoje.  

Com tantas tradições, música, dança, e animação não acredito que não ficou com vontade de viajar e conhecer um Carnaval diferente este ano.  

Vista a sua melhor mascará e ponha de lado a vergonha, afinal...  

 “É Carnaval, ninguém leva a mal “  

(provérbio popular português) 

Autora: Cláudia Ferreira

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