O setor fintech português entrou em 2025 com uma maturidade inédita e um dinamismo que começa a colocá-lo no radar dos principais mercados internacionais. O Fintech Report 2025 mostra um ecossistema cada vez mais robusto, mais colaborativo e mais orientado para a inovação, com Portugal a consolidar-se como um dos países europeus onde tecnologia e serviços financeiros evoluem mais depressa.
Um dos indicadores mais expressivos desta vitalidade é o rejuvenescimento constante do ecossistema. Quase um terço das fintechs analisadas foram fundadas apenas em 2024 e 2025, um sinal claro de que Portugal se tornou um terreno fértil para novos empreendedores e novos modelos de negócio. As áreas em maior crescimento, como regtech, infraestrutura financeira, APIs, cibersegurança e gestão financeira, são precisamente aquelas que mais beneficiam da rápida evolução da Inteligência Artificial.
A IA é hoje o principal motor de transformação do setor. As startups portuguesas estão a avançar da simples automação para soluções verdadeiramente autónomas, incorporando agentes inteligentes em scoring, risco, deteção de fraude, onboarding, compliance e personalização. Esta nova geração de empresas já nasce integrada num contexto “AI-native”, o que reforça a sua competitividade num mercado europeu alinhado com regulamentos avançados como o AI Act, o DORA e o MiCA. A combinação entre inovação tecnológica e clareza regulatória tornou-se uma vantagem competitiva para Portugal.
No investimento, apesar de um contexto internacional desafiante, Portugal continua a atrair capital estrangeiro. Segundo o Fintech Report 2025, 58 por cento das fintechs que captaram financiamento receberam investimento internacional. Os investidores destacam a excelência técnica do talento português, os custos competitivos, a qualidade de vida que facilita a atração de profissionais e a vantagem estratégica de operar dentro da União Europeia. As limitações continuam presentes, como a reduzida dimensão do mercado interno e a dificuldade em assegurar rondas de follow-on, mas o interesse crescente de investidores estrangeiros demonstra que o potencial do país é reconhecido.
O talento é um dos pilares mais fortes do ecossistema. Metade das fintechs internacionais instaladas em Portugal emprega já profissionais portugueses, refletindo o posicionamento do país como um importante centro de talento tecnológico. A área mais difícil de recrutar continua a ser engenharia, mas plataformas de formação como a Santander Open Academy, que ultrapassou os 410 mil utilizadores, mostram que a preparação do capital humano está a acompanhar a evolução da indústria.
Outro sinal de maturidade é o aumento da colaboração entre incumbentes e startups. Em 2025, mais de metade das parcerias foram estabelecidas em menos de seis meses, o que indica maior agilidade por parte de bancos, seguradoras e grandes empresas. Projetos conjuntos estão a acelerar a digitalização de processos como crédito hipotecário, seguros embebidos, gestão de pagamentos e automatização de operações, com impacto direto no cliente final.
A próxima grande transformação deverá chegar com a implementação do FIDA, que abrirá uma nova fase de Open Finance e Open Insurance. O acesso mais fácil a dados financeiros permitirá produtos mais personalizados, maior concorrência e novas oportunidades tanto para startups como para incumbentes.
Portugal não é apenas uma promessa no panorama fintech europeu. Em 2025, é já uma realidade em ascensão e um dos ecossistemas mais interessantes a acompanhar nos próximos anos.

 
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