Portugal vive um momento de grande transformação no seu ecossistema de inovação. Entre o investimento público estratégico e a crescente força do capital privado, o país está a construir as bases de uma nova economia movida por tecnologia avançada, investigação científica e talento empreendedor.
O Banco Português de Fomento (BPF), em parceria com a Estrutura de Missão Recuperar Portugal, lançou um novo programa de investimento no valor de 15 milhões de euros exclusivamente dedicado a empresas de tecnologia profunda (Deep Tech). Integrado no Instrumento Financeiro para a Inovação e Competitividade (IFIC) do Plano de Recuperação e Resiliência, o programa pretende apoiar até vinte startups portuguesas que desenvolvem soluções nas áreas da inteligência artificial, biotecnologia, materiais avançados e tecnologias quânticas.
Cada empresa poderá receber até 750 mil euros de financiamento, desde que garanta a presença de um co-investidor privado com pelo menos 30% do valor total. As candidaturas contarão com o acompanhamento da Agência Nacional de Inovação (ANI) e o apoio da Startup Portugal, que lançará em paralelo a iniciativa Tech Foundry Portugal – Deep Tech Edition, para mentoria e internacionalização.
Mais do que um apoio financeiro, esta medida representa um sinal de maturidade estratégica. Portugal está a construir um ecossistema coeso que liga a investigação à indústria, o talento à inovação e o investimento à competitividade. Com o envolvimento de entidades como a ANI, a Portugal Ventures e a Startup Portugal, o país dá um passo firme na consolidação de uma economia tecnológica robusta e globalmente relevante.
Em simultâneo, os resultados do estudo realizado pelo ISCTE para a Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) mostram o impacto crescente do investimento privado na economia nacional. As empresas que receberam financiamento de capital de risco geram 12,3 vezes mais receitas e criam 15,1 vezes mais emprego do que a média nacional. Quase metade do seu volume de negócios provém de exportações, evidenciando a capacidade destas empresas em escalar internacionalmente e em reforçar o papel de Portugal no comércio global.
No total, as empresas apoiadas por capital de risco representam 21,7 mil milhões de euros de volume de negócios e empregam 177 mil pessoas. Cada uma paga em média 2,2 milhões de euros de IRC e regista um EBITDA médio de 1,5 milhões de euros, muito acima dos 200 mil euros da média nacional. No caso das empresas com capital de private equity, o valor sobe para cinco milhões, um indicador da eficiência e competitividade gerada por este modelo de financiamento.
Num contexto em que Lisboa acolhe eventos internacionais como o Web Summit e a Atlantic Convergence, Portugal surge cada vez mais como um polo estratégico de inovação, energia e tecnologia. A combinação entre talento, estabilidade e visão está a posicionar o país como um verdadeiro eixo digital do Atlântico.
Portugal já não é apenas um destino de investimento. É um país que cria, transforma e exporta inovação. E tudo indica que as próximas grandes empresas tecnológicas da Europa poderão nascer aqui, impulsionadas pela ciência, pela confiança e pela capacidade de fazer diferente.
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