Portugal recupera os holofotes: Porque é que a BlackRock aposta na estabilidade a longo prazo
À medida que os mercados globais continuam a mudar sob o peso da tensão política e da incerteza económica, Portugal está a emergir como um player de destaque – e a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, está atenta.
Nas suas perspetivas intercalares para 2025, a BlackRock identifica Portugal como um dos principais beneficiários de um "novo regime de investimento" que favorece a estabilidade, a clareza e o crescimento direcionado. Com a inflação sob controlo (projetada em 2,2%), uma procura interna saudável e uma exposição limitada à volatilidade do comércio mundial, Portugal oferece uma rara combinação de fiabilidade e potencial a longo prazo.
Atualmente, a BlackRock gere 5 a 6 mil milhões de euros em ativos em Portugal — ainda modestos em comparação com os 80 mil milhões de euros em Espanha, mas em constante crescimento. A empresa vê Portugal como um forte desempenho no cenário económico em mudança da Europa, citando a sua resiliência e fundamentos atrativos.
As recentes atualizações de agências de notação de risco como a Moody's, a Fitch e a S&P reforçam esta perspetiva. Esta melhoria das notações reflete o reforço das finanças públicas, uma melhor gestão da dívida e a confiança na trajetória macroeconómica do país. Para os investidores institucionais, estas são mais do que métricas — são sinais de que Portugal já não é um mercado marginal, mas um parceiro europeu de confiança.
Uma das principais áreas de interesse da BlackRock é a infraestrutura, particularmente a energia renovável. Através do seu fundo Renewable Income Europe, a empresa apoiou a Usina Solar da Glória, a primeira PPA solar comercial de longo prazo de Portugal. Este investimento reflete uma estratégia mais ampla: apostar na liderança de Portugal em energias limpas e sustentabilidade a longo prazo.
Além da energia, outros setores que chamam a atenção da BlackRock incluem indústria, serviços financeiros e serviços públicos – estes últimos cada vez mais vitais à medida que a demanda por energia aumenta, particularmente em setores pesados em dados, como IA. A BlackRock é também um importante player institucional na Bolsa de Lisboa, com participações significativas em campeões nacionais como a EDP e a EDP Renováveis, totalizando mais de 1,4 mil milhões de euros.
A ascensão de Portugal não acontece isoladamente. Faz parte da estratégia europeia mais ampla da BlackRock, que também visa setores como defesa, semicondutores e indústrias. Mas neste complexo clima global, Portugal destaca-se como um farol de governação inteligente, infraestruturas estratégicas e resiliência silenciosa.
Este renovado voto de confiança marca um ponto de viragem: Portugal já não está na periferia da economia europeia. Está entrando com confiança nos holofotes – não apenas como um destino estável, mas como um parceiro de longo prazo para o capital global.
 
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